Cirurgião Cardiotorácico
HPA Magazine 11
A Estenose Valvular Aórtica é uma das doenças cardíacas mais comuns na população idosa, cuja tradução anatómica é o aperto da válvula aórtica. Tem habitualmente uma evolução lenta e assintomática. No entanto, em estados avançados de degradação da válvula, esta condição evolui rapidamente associando-se a uma mortalidade de cerca de 50% dois anos após o início dos sintomas, ou mesmo 50% após um ano, quando coexistem sintomas de insuficiência cardíaca.
Com o envelhecimento a válvula aórtica fica progressivamente mais rígida, muitas vezes calcificada, o que dificulta a sua abertura completa e, portanto cria um obstáculo à saída do sangue do coração para o corpo. Os sintomas típicos da estenose aórtica são o cansaço e/ou falta de ar, a angina (dores no peito) ou a síncope (desmaios). Muitas vezes esta doença pode evoluir sem sintomas, mas quando estes aparecem geralmente a evolução é rápida e se não se intervir, a sobrevivência do doente não é superior a dois ou três anos.
A Estenose Valvular Aórtica é uma das doenças cardíacas mais frequentes na população idosa. Calcula-se que em todo o Mundo, mais de 300.000 pessoas padecem desta condição, sendo que em Portugal afeta mais de 30.000 pessoas, número que tenderá a aumentar de acordo com a previsibilidade que possuímos acerca do envelhecimento populacional. Muitas vezes esta patologia é pouco diagnosticada, mas afeta 2% da população com mais de 65 anos, 3% das pessoas com mais de 75 anos e chega a 4% nas pessoas com mais de 85 anos.
O diagnóstico desta patologia é feito por métodos não invasivos como o Ecocardiograma Transtorácico. Um exame realizado com modernos sistemas de imagem não invasiva que podem em poucos minutos diagnosticar a doença mesmo antes do início dos sintomas.
Pessoas que queiram fazer uma avaliação cardiovascular completa ou queiram fazer o despiste da doença valvular aórtica, tendo sintomas ou não. Qualquer doente a partir dos 65 anos pode solicitar uma avaliação ecocardiográfica para descartar uma alteração numa das válvulas cardíacas.
Os problemas relacionados com a válvula aórtica são causados, na maioria dos casos, por alterações congénitas, febre reumática, infeções ou ainda por causas degenerativas dos tecidos associadas à idade, sendo hoje em dia esta a causa mais frequente na Europa, a partir dos 70 anos.
Quando é diagnosticada uma Estenose Valvular Aórtica grave, o doente deve ser referenciado para uma equipa de “Heart Team Valvular” que vai decidir qual será a melhor estratégia para resolver o problema.
Não existem medicamentos que possam minimizar ou tratar a Estenose Valvular Aórtica. Uma vez identificado o aperto valvular aórtico que provoca um obstáculo mecânico para a saída do sangue do coração para o corpo, este deve ser tratado e a válvula substituída por uma prótese.
Hoje em dia ainda é a cirurgia o tratamento mais indicado para resolver este problema; a evolução das técnicas tem feito com que o tratamento cirúrgico seja hoje realizado duma forma minimamente invasiva, o que leva a uma recuperação mais rápida e menos dolorosa do doente.
Nos últimos anos foi desenvolvida uma técnica de substituição valvular aórtica por catéter, a TAVI (Transcatheter Aortic Valve Implantation). Esta intervenção tem tido uma enorme evolução, sendo cada vez mais os casos que têm indicação para esta técnica, cujos resultados são muito bons.
No Grupo HPA Saúde a Cardiologia de Intervenção e a equipa de Cirurgia Cardiotorácica trabalham em conjunto num “Heart Team”, desde o diagnóstico até à proposta do tratamento mais adequado para cada doente.
Os riscos associados a este procedimento são relativamente baixos, inferiores aos da própria doença, abandonada a sua história natural e, tendem a baixar mais, acompanhando a evolução do conhecimento técnico. A recuperação é habitualmente muito rápida, sendo que nos casos não complicados de TAVI, há a possibilidade de alta no dia seguinte à intervenção, ou uma média de 4 dias de internamento nos casos da cirurgia minimamente invasiva.
O Grupo HPA Saúde pretende ser um Centro de Excelência no diagnóstico e terapêutica desta patologia, dada a elevada prevalência de estenose aórtica na população idosa, que pode ser diagnosticada de forma precoce e oferecer um tratamento atempado para melhorar a qualidade de vida dos doentes.
A equipa de Cirurgia Cardiotorácica tem desenvolvido de forma exponencial a sua atividade, tendo em 2018 triplicado a sua casuística relativamente à média dos anos anteriores, onde se incluem também situações de urgência.
Na área de Cirurgia Torácica o aumento tem sido significativo sobretudo na cirurgia do cancro do pulmão, através de técnicas minimamente invasivas, nomeadamente por Video Toracoscopia de porta única.
Este sucesso e crescimento deve-se também a diversos fatores: o apoio de outras especialidades como a Cirurgia Geral, a Pneumologia, a Medicina Intensiva e naturalmente a Cardiologia, mas também a disponibilidade da equipa de Fisioterapia, que acompanha todos os doentes no pós-operatório. Além disso, sempre que possível os fisioterapeutas iniciam a sua abordagem no pré-operatório, para que os doentes cheguem à cirurgia otimizados para a recuperação completa.
Implante Transcateter da Válvula Aórtica
Vávula Desobstruída
Vávula Obstruída